Conto: Relação Indecente (Parte 2)

Descemos à cave, o nosso pequeno refúgio, o meu pequeno mundo, que permitia a muito pouca gente a chave de acesso. As paredes estavam completamente cobertas de posters, como se de papel de parece se tratassem. No canto existiam dois sofás pretos e uma pequena televisão que fazia companhia a uma velha aparelhagem. No fundo possuía tudo o que necessitava nos momentos em que procurava fugir à realidade. A minha amiga Jessy estava mais que impaciente para saber o porque de toda a minha agitação. Acendi um cigarro e abri uma cerveja, precisava de me acalmar e era exatamente isso que me acalmava, ou que neste caso eu julgava me acalmar. Comecei por explicar o sucedido no corredor, bem como todos os detalhes importantes e essenciais para uma possível compreensão. A Jessy ficou surpresa e afirmou:
– Eu conheço-te bem o suficiente para garantir que lhe estás a dar importância a mais. Isso só pode significar que estás completamente apanhada por ele.

relação indecente

Fiquei sem reação, não sabia o que dizer, apenas poderia garantir que nunca antes na minha vida havia estado apaixonada. Sempre fui uma rapariga com uma paixão imensa nas coleções, influências que obtive com a minha mãe que achava ser impossível manter um homem por mais de uma noite.
– Não pode ser possível, talvez esteja a dar importância a mais a este caso – disse eu tentando desviar o assunto.
– Não te preocupes, fica o nosso segredo. Não vou contar a ninguém e se realmente o desejas, mostra-lhe o teu melhor lado.
Não sabia o que pensar e por momentos pedi para ficar só. Precisava de reorganizar todas as ideias na minha cabeça, como se de uma biblioteca se tratasse.

Como já esperava, não foi muito o tempo que aguentei sozinha. Decidi enviar uma mensagem à Jessy, decidi que já podia voltar e que estava melhor na sua companhia. Esperei por mais de uma hora, tempo que consegui contar e em que o sono não me tinha vencido. Acordei com o tocar da campainha no piso superior, era a Jessy que me esperava. Abri a porta e descemos novamente à cave. Precisava de esquecer e investir todo o meu orçamento mental na diversão. Pensei então eu fazer um grande “libertador”, nome que decidi lhe dar pelo facto de me libertar e me conduzir a fazer coisas que nunca tive coragem de fazer. Sempre gostei disso, razão pela qual gostava de fumar.

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