Conto: Relação Indecente (Parte 3)

Demorei mais que o habitual, as minhas mãos tremiam como nunca antes e o meu coração parecia querer irromper do meu interior. Ambas fumamos daquele “libertador”, que confesso me pareceu demasiado exagerado de dose, razão pela qual me sentia tonta e um quanto desorientada. Permanecemos ambas deitadas no sofá preto, proferindo piadas, das quais riamos sem qualquer razão. Entretanto num ato ingénuo Jessy começa a tocar de leve o meu corpo. Recuei e perguntei surpreendida.
– Que raio estás a fazer?
– Estava curiosa e estava a tentar dar-te um pouco de afeto, está visto que neste momento careces dele – disse esta com ar provocador.

Não respondi. Desconhecia se aquilo era a sua vontade própria ou um mero efeito do “libertador”. Mas naquele momento não liguei e deixei-a conduzir-me até aquele novo mundo que esta queria presenciar. Ela tocava-me como nunca ninguém o tinha feito antes. Parecia conhecer cada pedaço do meu corpo, todas as suas pequenas curvas e oscilações. Sabia também a melhor forma de os tocar. Pensei em parar, mas o pensamento não conseguiu vencer a vontade do corpo e então continuei. Esta despiu-me e ficamos ambas despidas, a tocar-nos mutuamente e a descobrir um mundo novo, completo e recheado de novos sabores.

relação indecente

Jessy ficou para jantar. Como a minha mãe ainda não estava em casa decidimos comer uma simples pizza acompanhada de mais uma cerveja. Decidi também que a Jessy ficaria a dormir em minha casa, visto que no dia seguinte apenas tínhamos aulas de tarde. Subimos até ao meu quarto que se encontrava no segundo piso, ao lado do quarto da minha mãe, que como habitualmente acontecia ainda não se encontrava presente. Não posso afirmar que me fazia feliz o estilo de vida que a minha mãe havia adotado, mas o tempo levou a que me habitua-se e não podia recriminar quem sempre me deu tudo e garantiu que todas as minhas despesas fossem pagas.

Ficamos ambas no quarto a ver vídeos assustadores de relatos paranormais, uma das nossa atividades preferidas. Nenhuma de nós tinha ousado tocar no assunto que nos envolvia a ambas nuas no sofá. Embora não falasse gostava de saber e responder à pergunta que me atormentava “Teria sido tão bom para ela como foi para mim?”. Decidi falar e quebrar todo aquele silêncio que nos envolvia, mas o barulho da porta de entrada antecipou-se e dissipou a minha tentativa. Sabia que era a minha mãe e pelos passos percebi que vinha acompanhada, tinha chegado a hora em que me devia deitar e fingir de morta. Segundo ela qualquer barulho poderia afastar o cliente e isso para ela era igual a não receber qualquer cêntimo. Não era frequente a minha mãe trazer alguém para a nossa casa e nunca tinha acontecido tendo eu companhia, embora nunca me tenha envergonhado disso. Para acrescentar a Jessy também sabia da sua “profissão”.

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