Não é de hoje que o amor é mal vivido e mal conseguido. Não é de hoje que o homem tem a grande capacidade de amar e de autodestruir a sua relação, ainda que involuntariamente. Hoje falo-vos do que estraga o amor, o que o desgasta irreversivelmente e de certo modo, como evitar uma situação semelhante.
“Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia. (…) Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura?”
Miguel Esteves Cardoso – Elogio ao amor
Somos seres cheios de capacidades que provavelmente nem damos conta e nem conseguimos explorar por esse mesmo motivo – uma delas é amar com toda a plenitude da palavra. Contudo é evidente a crise de valores que se instala dentro das relações e o impacto que esta tem. Essa dita crise passa pelas ações feitas (e pelas que não são feitas), passa por toda uma questão de sinceridade e dedicação que já deveria estar incluída com o sentimento. Amar não tem preço e ser amado é a melhor prenda e o melhor vencimento que o nosso coração pode obter.
Deixo agora alguns factos que desgastam o amor e de que modo esta situação pode ser evitada:
Quando o amor se torna rotina – Não é novidade que muitos casais vivem a rotina de maneira sistematizada e repetitiva. É este um precisamente um dos pontos de desgaste do amor – A repetição das mesmas ações, das mesmas conversas, dos mesmos locais, das mesmas pessoas. Por vezes é necessário sair um pouco do habitual e arrojar um pouco. A rotina não tem que ser de todo um aspecto negativo, contudo deve ser aproveitada da melhor maneira, inovando e criando, sem grandes complexos, às vezes uma simples ação pode mudar todo o contexto de vida social, de diversão, de cumplicidade – o que fortalece e renova o amor. Por vezes a rotina leva ao fim de uma relação e muitas vezes a pergunta porque os homens perdem o interesse é feita em vão.
Fala-se muito mas conhece-se pouco – Costuma dizer-se que a falar é que nos entendemos, mas não é apenas uma questão de compreensão, é também uma questão de conhecimento. O diálogo é fulcral para o conhecimento do casal. É essencial a partilha de experiências, de ideias e a discussão das mesmas. Sugiro uma boa noite de descanso com o seu parceiro, num lugar calmo onde possam debater vários aspectos de interesse, sem interesse, com ou sem sentido. O ser humano é idealista por natureza e na sua grande maioria sente a necessidade de expressar os seus pensamentos pois por mais que a arte prevaleça nada se compara à sensação de compreensão, de partilha e troca de experiências. O amor e a cumplicidade conseguida através da partilha de ideais são dois aliados perfeitos à unificação e ao reforço do amor. Aprenda como pode se aproximar do seu homem.
Passividade excessiva – Quando não há iniciativa pressupõe-se uma falta de vontade para agir. A passividade é uma eterna inimiga da diversão, da descontração, do relaxamento e é simultaneamente uma constante nos casais. A falta de ideias e de sugestões é a curto ou médio prazo desgastante, tornando a relação aborrecida, tensa e monótona. Crie confiança em si própria(a) e aprenda como pode surpreender a sua namorada.
Amor pressupõe amizade – Não se ama sem gostar da pessoa, sem se querer bem e sem se conhecer ou conseguir avaliar o valor da amizade. E na minha opinião o amor tem de ter uma base muito sólida no que diz respeito à amizade. Amar só porque convém, porque a pessoa parece ser a certa ou por questões pouco emocionais, acabará por estragar a relação, levando a conflitos relacionados com os sentimentos e a estabilidade do casal. É imprescindível que seja amigo do seu parceiro, que procure dar-lhe conforto e mais para além da relação amorosa.
O Controlo sobre o parceiro – É frequente especialmente quando uma relação começa sem confiança – e aqui todos os pontos anteriores são justificados. Quando uma relação não tem como base o conhecimento mútuo, o respeito, a amizade, o diálogo e a confiança é evidente que surgirão dúvidas acerca do comportamento e do pensamento da pessoa amada. Controlar pode ser normal e saudável, mas dentro de um limite muito restrito, quando o amor se torna obsessão o caso muda de figura. O seu contrário leva a desentendimentos que inevitavelmente poderão conduzir ao desgaste e até ao fim da relação.
É claro que nenhum destes pontos é irreversível, errar é humano e cada um de nós pode agir por impulso, acabando por causar algum dano. Contudo quando se ama o amor prevalece acima de qualquer desavença, apenas há que olhar em direção ao amo, essencialmente um olhar na mesma perspectiva e para o mesmo caminho: o da felicidade, da estabilidade, da compreensão, do respeito e do carinho. São estas as peças que completam o grande puzzle do amor.
Artigo escrito por Patrícia Gargaté, estudante na área de jornalismo, colaboradora do Sentimento Calmo.