Fim do primeiro amor

Não há nada como o primeiro amor. O fim do primeiro amor dói em qualquer idade. Para os jovens namorados ainda enamorados dessa novidade que é amar, a sumptuosidade desse sofrimento enreda-se por um caminho que parece jamais ter fim. Mas tem… Sempre terá. No primeiro dia em que acorda (madrugada talvez), tem um nó imenso na garganta, uma tonelada sobre o peito e uma mão pesada apertando o coração que já estava doendo. Vai passar.

Enquanto não passa, melhor não fazer nada que remeta, por um segundo que seja àqueles bons momentos vividos a dois. Não olhe fotos, não ouça música, não leia e nem assista romances. Sei que quanto se é jovem dar ênfase a esse momento de dor, faz parte. Mas não exceda, pois é ténue a linha que divide curtir a inocente “dor de cotovelo” do labirinto frio e escuro. Isso não é inteligente. É preciso começar a desenvolver a racionalidade – se acabou, vamos enterrar e respeitar (e de preferência limitar) o tempo de luto, e… Recomeçar!

fim do primeiro amor

De início, a raiva – deleta-o (a) do Facebook, Orkut, MSN, da agenda do celular. Rasga fotos, quebra CDs, distribui todos os presentes que ganhou dele (a). Faz parte. É um jeito de tentar arrancar uma parte da dor que mexe e remexe dentro do peito. Depois as perguntas – Porque não deu certo? Porque ele (a) agiu assim? O que eu fiz de errado? O que a outra (o) tem que eu não tenho? Quando ele (a) deixou de me amar que não percebi, e por aí vai…

Vontade de sumir. Um mar de lamentos, uma tormenta que varre todas as esperanças de voltar a ser feliz de novo. Nada pior nessa hora do que escutar – “Quanto drama! Primeiro amor é assim mesmo! Logo chega outro, e começa tudo outra vez!” É imperdoável falta de sensibilidade perante a primeira decepção amorosa. Ninguém deve ajudar o “sofredor da vez” a se afundar na lama em que ele se encontra, mas também não precisa minimizar o que para ele (a), nessa idade, é sim, a maior dor do mundo.

E quem nunca passou por isso?

O tempo passa (apesar de não parecer) e junto com ele, aquela “noite sem fim”. Fica-se ainda na penumbra, e quando menos se espera… Um raiozinho branco de sol. E você se pega falando para uma amiga que só agora percebe que ele (a) nunca te telefonava para perguntar sobre o resultado daquela prova difícil que fez, que não gostava mais de sair na companhia da sua turma, que acabou a boa vontade em te acompanhar nas visitas semanais à casa de sua avó, que tinha sempre uma desculpa para sair sozinho com os amigos.

Tudo aquilo que você não queria ver, começa a desfilar na sua frente, e agora, como uma expectadora atenta, vai percebendo, que aquele grande amor, nem era tão grande assim e que aquele príncipe encantado, nunca foi de fato, encantado. Tem um amigo que sempre me diz que muitas vezes é preciso se afastar e olhar de longe se permitindo outra visão. E foi isso que aconteceu. Um olhar sob outro ângulo. Límpido. Sem a fumacinha cor de rosa que, como névoa, impedia a visão clara do que realmente acontecia.

O que mudou tanto?  Nada, só você e seus sentimentos, ou vice-versa. O amor obscurece a razão, todos já ouviram isso. Todos já sofreram por amor, já enterraram um amor e já recomeçaram. Não importa a idade. O que realmente interessa nessa hora, é a certeza de que tudo passa… E mais a frente, a certeza de que vale à pena tentar de novo…

Artigo escrito por Marcela, escritora no Sentimento Calmo. Brasileira, 43 anos, mãe de três filhos.